O chocolate que consumimos é produzido com o uso de trabalho infantil e tráfico de crianças!
O premiado jornalista dinamarquês, Miki Mistrati, decidiu investigar os boatos. E para isso foi até o Mali, na África Ocidental, onde produziu o documentário Slavery: A Global Investigation (Escravidão: Uma Investigação Global). câmaras ocultas revelam o tráfico de crianças para as plantações de cacau da vizinha Costa do Marfim.
Empresas como a Nestlé, Barry Callebaut e Mars assinaram em 2001 o Protocolo do Cacau. Documento este comprometendo-se a erradicar totalmente o trabalho infantil no sector até 2008.
Ainda em 2001, a FDA queria aprovar uma legislação para a aplicação do selo “slave free” (sem trabalho escravo) nos rótulos das embalagens. Antes da legislação ser votada, a indústria do chocolate - incluindo a Nestlé, a Hershey e a Mars - usou o seu dinheiro para fazer lobby com o intuito de barrar a criação de tal selo com a promessa de acabar com o trabalho escravo infantil das suas empresas até 2005. Este prazo tem sido repetidamente adiado, sendo de momento a meta até 2020. Enquanto isto, o número de crianças que trabalham na indústria do cacau aumentou 51% entre 2009 e 2014, segundo um relatório de julho de 2015 da Universidade Tulane, Luisiana - EUA.
Em setembro de 2015, a Mars, a Nestlé e a Hershey receberam uma ação judicial alegando que estavam enganando os consumidores ao financiar indiretamente o negócio do trabalho escravo infantil do chocolate na África Ocidental.
Com uma câmera escondida, o diretor conversou com trabalhadores e traficantes da região de Zégoua Mali, que assumem os perigos que os pequenos sofrem ao percorrer estações de ônibus sozinhos, a procura de emprego para ajudar no sustento familiar, e mostram a banalização da violência e atrocidade pela população local. “Se alguém na fronteira disser que não trafica crianças está mentindo; os donos das plantações nos pagam para levar crianças até a fronteira; eu já levei várias”, conta um traficante que não teve o nome identificado.
Em outro trecho do longa, tendo como cenário o local de colheita do cacau, o diretor perguntou quanto custa levar um jovem para o trabalho por meio do tráfico, e um dos responsáveis respondeu, “O preço é a partir de 230 euros, uma criança de Bukina Faso pode ser comprada por 230 euros; e isso sem pechinchar, o preço inclui transporte e uso ilimitado da criança”.
Crianças entre os 11 e os 16 anos (por vezes até mais novas) são retidas em plantações isoladas, onde trabalham de 80 a 100 horas por semana. O documentário Slavery: A Global Investigation (Escravidão: Uma Investigação Global) entrevistou crianças que foram libertadas, que contaram que frequentemente eram espancados com socos, pontapés e chicotes. "Os espancamentos eram uma parte da minha vida", contou Aly Diabate, uma destas crianças libertadas. "Sempre que te carregavam com sacos [de grãos de cacau] e caías enquanto os transportavas, ninguém te ajudava. Em vez disso, batiam-te e batiam-te até que te levantasses de novo."
Como uma das crianças libertadas disse: "Vocês desfrutam de algo que foi feito com o meu sofrimento. Trabalhei duro para eles, sem nenhum benefício. Estão a comer a minha carne."
As 7 marcas de chocolate que utilizam cacau proveniente de trabalho escravo infantil são:
- Hershey
- Mars
- Nestlé
- ADM Cocoa
- Godiva
- Fowler’s Chocolate
- Kraft
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